Publicidade

Publicidade

Anuncie aqui!

Newsletter

Inscreva-se para receber a nossa Newsletter e se manter atualizado.

Compartilhe

Compartilhe

Compartilhe

Compartilhe

Buscar

Amor de mãe - 12 a 26 de junho de 2014

  • Compartilhar

Impossível ser mãe e não experimentar diferentes emoções que surgem de pequenos gestos e fatos do dia a dia.  Para falar dos sentimentos que envolvem a maternidade, o JORNAL DA CIDADE convidou a jornalista Viviane Possato, mãe de gêmeos, que a partir desta edição, terá um espaço mensal no caderno Bem-Estar

 

Dia desses, meu filho saiu do consultório da pediatra com o seguinte diagnóstico: ‘dor do crescimento’. É a explicação para as dores constantes que ele sente na perninha, principalmente durante a madrugada. Profilaxia: analgésico. “Isso passa com o tempo”, disse a doutora. 
Fiquei encafifada com essa tal ‘doença’. Meu Deus, já não bastam as viroses, as febres altas sem explicação aparente, as bronquites, as alergias, agora tem também dor do crescimento? Sempre achei que toda mãe devia ter uma espécie de curso técnico de medicina, mas, pra lidar com esse diagnóstico aí, acho que a gente precisaria de especialização.
Foram alguns dias matutando até a conclusão óbvia: crescer dói!! E como dói!! Dói o corpo, mas machuca principalmente o coração. E, pra aliviar essa dor, não adianta correr pra caixa de remédios. Não há analgésico capaz de curá-la.
Quando nossos filhos sentirem dor porque a ALMA está crescendo, pouco, ou quase nada, poderemos fazer. É preciso entender que faz parte do caminho de cada um sentir as frustrações, os desamores, as saudades, as ausências, a falta, a desilusão. Não que eu ache que a dor seja a única forma de aprendizado, mas ela é, certamente, uma forma de transformação. E já que não podemos poupar nossos filhos da dor do crescer, talvez possamos, pelo menos, garantir que esse sentimento os conduza para as verdadeiras e necessárias reflexões sobre a vida. 
Saber como e em que transformar a nossa dor é um dos maiores desafios que temos. A dor de uma frustração pode virar obsessão. A dor de amor, não raro, ganha forma de ódio. A dor da ausência provoca, muitas vezes, a revolta. Mas, se virarmos tudo do avesso, podemos ver que a frustração é uma oportunidade que a vida nos dá pra entender que não podemos tudo, somos limitados por natureza! É necessário aprender que a gente ganha e perde, sem, é claro, entender isso como uma filosofia barata de derrotismo. 
No avesso das coisas também podemos, diante do desamor, nos surpreender com o poder do perdão. Perdão ao outro e perdão a nós mesmos. E a ausência? Como lidar com esse sentimento que às vezes nos sufoca? Talvez com a resignação. Sim, existem lutos, simplesmente, insuperáveis.
A dor do crescer não tem cura. Mas, ao contrário de outras doenças incuráveis, essa não precisa ser degenerativa. Não podemos permitir que as dores do crescimento nos matem aos poucos. Ao contrário, é necessário ter sabedoria para transformá-las em oxigênio!
A dor maior disso tudo? Pra nós, mães, é aceitar que a dor do nosso filho é a dor DELE. Não podemos sentir por ele, não podemos arrancar dele e de nada adiantará correr de hospital em hospital em busca da cura. A cura pra essa dor estará sempre dentro dele. O que nos resta? A vigília que garante o amparo, sempre!
Ai meu Deus, acho que prefiro a dor física do crescimento...
 
Viviane Possato, jornalista, mãe de Enzo e de Francisco
 

Comentários

Comentário cadastrado com sucesso. Aguardando aprovação.

Nenhum comentários cadastrado.

Publicidade

Compartilhe